quinta-feira, 5 de maio de 2011

DOENTE DE MENTIRA - II

NÃO CONFUNDIR:

Hipocondria: aqui, a pessoa não cria sintomas, mas exagera os pequenos sinais que apresenta

Transtorno conversivo (histeria):

O paciente sofre desmaios, convulsões ou perdas sensoriais como surdez e cegueira repentinas, mais sem que os sintomas tenham razão clínica. Diferente do que ocorre na síndrome de Münchhausen, aqui o paciente não sabe que tem uma doença imaginária (sua motivação é inconsciente)

CARACTERÍSTICAS DO PORTADOR DA SÍNDROME:

  • Descrição fria e sem emoção dos próprios sintomas;
  • Marcas no corpo de diversas cirurgias;
  • Demonstração de grandes conhecimentos médicos;
  • Histórico de várias internações em diferentes hospitais.

MAIS DO QUE UMA MENTIRA

O psiquiatra Wagner Gattaz, presidente do Instituto de Psiquiatria do HC, foi quem tratou a paciente descrita no início deste texto.

Mas o caso é exceção à regra, diz ele, porque a maioria desses doentes de mentira nem chega ao psiquiatra. “Quem os recebe, quase sempre, é o clínico”, diz Gttaz. “Se a pessoa é descoberta, foge antes de ser encaminhada a tratamento psiquiátrico.”

Gattaz distribuiu cópias de seu estudo com essa paciente para alertar profissionais do hospital sobre o transtorno. “Muitos desses pacientes seguem não sendo diagnosticados”, afirma ele.

Para Gattaz, o maior problema é o médico tratar esse tipo de paciente como um mero simulador, e não como o portador de um transtorno.

INTERNET É O AMBIENTE PERFEITO PARA INVENÇÕES

A internet favorece os portadores da síndrome de Münchhausen, segundo Marc Feldman, professor de psiquiatria na Universidade do Alabama e responsável por cunhar o termo “Münchausen pela internet”.

“Com a rede é possível atingir até milhares de pessoas, enquanto que na forma tradicional da síndrome são poucos os ludibriados”, disse à Folha, por e-mail.

Feldman, que escreveu o livro sobre o transtorno “Playing Sick” (não traduzido), afirma que o anonimato na rede seduz o paciente.

“Se a mentira for descoberta, a pessoa pode rapidamente se “deslogar” e continuar em outra comunidade virtual, com uma nova história sobre alguma doença.”

“PRATO CHEIO”

O psiquiatra afirma que os portadores têm à disposição diversos grupos online como fóruns de saúde e redes sociais nos quais encontram o tempo e a atenção desejados.

Para o psicólogo Cristiano Nubuco, coordenador do programa de dependentes de internet do Instituto de Psiquiatria do HC, a rede social Orkut pode ser um terreno fértil para essas pessoas.

“Dá para garantir o anonimato e exagerar os sintomas, despertando a piedade.”

A internet ajuda o portador a mentir também fora do ambiente virtual.

“Com a internet fica fácil descobrir sintomas e enganar o médico”, diz a psiquiatra Ana Gabriela Hounie. (GG)

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