NÃO CONFUNDIR:
Hipocondria: aqui, a pessoa não cria sintomas, mas exagera os pequenos sinais que apresenta
Transtorno conversivo (histeria):
O paciente sofre desmaios, convulsões ou perdas sensoriais como surdez e cegueira repentinas, mais sem que os sintomas tenham razão clínica. Diferente do que ocorre na síndrome de Münchhausen, aqui o paciente não sabe que tem uma doença imaginária (sua motivação é inconsciente)
CARACTERÍSTICAS DO PORTADOR DA SÍNDROME:
- Descrição fria e sem emoção dos próprios sintomas;
- Marcas no corpo de diversas cirurgias;
- Demonstração de grandes conhecimentos médicos;
Histórico de várias internações em diferentes hospitais.
MAIS DO QUE UMA MENTIRA
O psiquiatra Wagner Gattaz, presidente do Instituto de Psiquiatria do HC, foi quem tratou a paciente descrita no início deste texto.
Mas o caso é exceção à regra, diz ele, porque a maioria desses doentes de mentira nem chega ao psiquiatra. “Quem os recebe, quase sempre, é o clínico”, diz Gttaz. “Se a pessoa é descoberta, foge antes de ser encaminhada a tratamento psiquiátrico.”
Gattaz distribuiu cópias de seu estudo com essa paciente para alertar profissionais do hospital sobre o transtorno. “Muitos desses pacientes seguem não sendo diagnosticados”, afirma ele.
Para Gattaz, o maior problema é o médico tratar esse tipo de paciente como um mero simulador, e não como o portador de um transtorno.
INTERNET É O AMBIENTE PERFEITO PARA INVENÇÕES
A internet favorece os portadores da síndrome de Münchhausen, segundo Marc Feldman, professor de psiquiatria na Universidade do Alabama e responsável por cunhar o termo “Münchausen pela internet”.
“Com a rede é possível atingir até milhares de pessoas, enquanto que na forma tradicional da síndrome são poucos os ludibriados”, disse à Folha, por e-mail.
Feldman, que escreveu o livro sobre o transtorno “Playing Sick” (não traduzido), afirma que o anonimato na rede seduz o paciente.
“Se a mentira for descoberta, a pessoa pode rapidamente se “deslogar” e continuar em outra comunidade virtual, com uma nova história sobre alguma doença.”
“PRATO CHEIO”
O psiquiatra afirma que os portadores têm à disposição diversos grupos online como fóruns de saúde e redes sociais nos quais encontram o tempo e a atenção desejados.
Para o psicólogo Cristiano Nubuco, coordenador do programa de dependentes de internet do Instituto de Psiquiatria do HC, a rede social Orkut pode ser um terreno fértil para essas pessoas.
“Dá para garantir o anonimato e exagerar os sintomas, despertando a piedade.”
A internet ajuda o portador a mentir também fora do ambiente virtual.
“Com a internet fica fácil descobrir sintomas e enganar o médico”, diz a psiquiatra Ana Gabriela Hounie. (GG)
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